Procreative Dinner: food+science+art breaking big taboos

Dêem uma olhada nisto, com calma. Primeiro o vídeo:

 

É um happening-jantar realizado em Geneva por Prune Nourry e que permeia o mundo da arte, da ciência e da gastronomia. Ele convidou o chef Serge Labrosse e mais um cientista especializado e juntou a sua arte para preparar um “jantar procreativo” com a idéia de buscar o “bebê à la carte”. Encenado através de um processo clínico, com todas as técnicas da procriação assistida, este jantar parece um tanto quanto bizarro. Me digam se o vídeo não causa algumas sensações estranhas, como quando misturam coquetéis de esperma com óvulos deliciosamente saboreados.

Prune mexe aqui com o futuro e com as questões perfurantes que teremos que lidar, trazidas pelo avanço das biotecnologias: os costumes, as éticas e a moral. Quer queiram ou não tem um monte de cientista lá fora tentando encontrar a fórmula para criar o ser humano perfeito, assim como tem um monte de jovem chef tentando ser o melhor de todos. É normal.

O que não é normal aqui, e que foi bem alcançado pelo artista, é a sensação da antropofagia, da elite que se come só porque pode fazer isso, da comida, sexo e vida/morte. É como comer em um hospital, só médico consegue e porque é obrigado, mas ninguém gosta.

Enfim, este happening-jantar é esteticamente bonito, cientificamente interessante, e pelas caras dos comensais-papais a comida parece que estava saborosa. Mas de qualquer forma a coisa aqui pega pelo estômago, não pega?

Dr. Sérgio de Paula Santos e a Academia Brasileira de Gastronomia

Em outubro de 1997, durante uma viagem de férias, fiz uma parada em Madrid para encontros profissionais. Em um deles tinha um endereço e um nome em mãos, mas não conhecia a pessoa que me receberia, sabia somente que era o presidente da Real Academia Espanhola de Gastronomia – um nome pomposo, pensei. Chegando lá, enquanto lustravam seus sapatos, um senhor de baixa estatura, cabelos brancos e voz segura me recebeu. Eu não sabia o quanto ele era importante no mundo da gastronomia (entre outros mundos). Era Rafael Ansón. Eu tomei café, ele nada.

Meu propósito no encontro era apenas diplomático, eu representava na época a Abresi – associação de turismo e gastronomia ligada aos sindicatos patronais no Brasil, e queria lhe convidar para vir a São Paulo, algo do tipo “um dia destes, quando der, se o senhor puder”. Ele, ao contrário, enxergou na minha visita uma boa oportunidade de dar um empurrãozinho ao projeto que tinha de expansão das Academias de Gastronomia pela América Latina. Me contou do grupo internacional das academias e me disse que, se eu me interessasse pela idéia, ao chegar ao Brasil deveria procurar duas pessoas de sua recomendação que em ocasiões anteriores já haviam tido conversa similar com ele em Madrid: Carlos Aldan de Araújo e Sérgio de Paula Santos.

Depois de 3 ou 4 meses que eu havia retornado a São Paulo, seria final de janeiro de 1998, resolvi dar chance à idéia que me foi transmitida em Madrid e liguei para os dois nomes recomendados. Ao mencionar nosso amigo em comum, o espanhol, ambos me atenderam prontamente. Marcamos então um encontro entre os três: Aldan – à época vice-presidente do WTC-Club, Dr. Sérgio – otorrinolaringologista de profissão e enófilo de grande prestígio, e eu, para discutirmos a idéia da fundação da Academia Brasileira de Gastronomia conforme nos havia sido sugerido em Madrid.

A idéia pareceu muito boa aos três e resolvemos levá-la adiante. Lembro que Dr. Sérgio, com então 68 anos de idade e uma grande notoriedade no mundo dos vinhos e da boa mesa, me disse: “Enio, foi você quem fez o esforço inicial de nos reunir, você deveria então ser o presidente da Academia”. Obviamente isto foi apenas uma gentileza da parte dele, mas eu, que na época tinha só 29 anos e apenas começava a beber por conta própria, confesso que o susto ao perceber a grandeza deste seu gesto foi o que me deu, neste momento de gênese, a medida exata da enorme responsabilidade do que estávamos tratando naquela conversa: a importância de uma Academia de Gastronomia. Claro, o bom senso prevaleceu e unanimemente escolhemos Dr. Sérgio como nosso primeiro presidente e Aldan como vice. Vários encontros, conversas e negociações internacionais depois, e em março de 2001 fundávamos oficialmente a ABG em um almoço solene no antigo restaurante Infinito, o qual juntos conduziram Dr. Sérgio e Rafael Ansón.

Desde então Dr. Sérgio veio nos orientando na formação do grupo da Academia, sempre com suas sábias e inconfundíveis sugestões. Mesmo quando o grupo quase não se reunia, por períodos de inatividade que chegamos a ter, ele nunca questionou a idéia da Academia ou desistiu de sua fundação. Ele sempre foi muito claro no que pensava, independente de agradar ou não aos ouvidos do interlocutor. Com Dr. Sérgio conversávamos sobre as questões éticas e de gestão da ABG, sobre a mesa brasileira e sua história e sobre o perfil dos membros a serem convidados para os primeiros passos da nova Academia, e ficávamos rendidos pela clareza e forma sábia como ele nos sugeria alguma ação ou tipo de conduta. Era ele quem guiava. Seus gestos de gentileza somados a uma pitada de humor provocante sempre foram sua marca em nossas reuniões.

Um de seus fascínios pessoais era a sua notável cultura histórica, adquirida em seu permanente hábito da busca por documentações e registros nas bibliotecas e livrarias de todo o planeta. Era um pesquisador nato. Por exemplo, em setembro do ano passado tivemos a oportunidade de fazer uma viagem à Sevilha para um encontro de fundação do grupo ibero-americano de academias. Sua esposa, Sra. Marina, também o acompanhou na viagem. Lá participamos de um jantar espetacular e único realizado no centro da Plaza de Toros de la Real Maestranza de Sevilha e preparado por 20 grandes chefs de cozinha de todo o mundo para apenas 100 convidados. Em uma cerimônia realizada meia hora antes do grande jantar, nos salões de La Maestranza, Dr. Sérgio foi aclamado vice-presidente da Academia Ibero-Americana de Gastronomia. Porém, com uma agenda apertada nos 3 dias que por lá estivemos, na verdade ele não via a hora de sair das reuniões, almoços e jantares para passar algumas horas dentro do Arquivo Geral das Índias no centro de Sevilha, principal arquivo de toda documentação sobre as colônias ibéricas. Era lá que ele queria estar. Em outra ocasião, quando eu morava em Florença, fiz um passeio de cerca de 30 km com minha bicicleta para chegar a uma editora fora da cidade e fotocopiar uma revista muito antiga sobre gastronomia que ele me havia pedido por telefone. Sua curiosidade histórica era enorme.

Infelizmente nos últimos 4 meses ele estava inquieto com a “prisão” hospitalar. Eu tive que me conter para não lhe telefonar muito, pois apesar da necessidade de seguir falando com ele dos assuntos da Academia logicamente eu não poderia sobrecarregá-lo. Fiz-lhe minha última visita na Sexta-feira Santa, ele parecia muito bem e estava muito ativo, e ainda após isso me telefonou um par de vezes. Na última vez que falamos, 15 dias atrás, me disse que deveríamos ter um cuidado especial na Academia ao tratar dos vinhos brasileiros, “temos que ajudar a promovê-los”, recomendou com certeza.

Ficaremos assim com seus diversos livros publicados, com suas belas memórias e com sua presença marcada na luz que nos jogou para traçar os caminhos da nascente Academia Brasileira de Gastronomia, mas teremos que nos acostumar às nossas reuniões sem ele. Dr. Sérgio nos deixou na última terça feira 04 de maio, às 23 horas, dois dias antes de completar 81 anos de idade, e não há dúvida, em nenhum de nós, que muito sentiremos a sua imortalidade.

Viva Sérgio!

Dr. Sérgio, na cabeceira da mesa da Academia, e ao seu lado sua esposa Sra. Marina, em jantar da ABG no restaurante Dalva e Dito em 08 de setembro de 2009.

O que você faria para provar seu amor pela comida?

Tatoos?

(não convide este cara para um churrasquinho...)

Veja aqui + 12 food tatoos..

.

E você, já está fazendo sua parte?

Rock and Food

Aqui está uma das coisas mais legais que já vi neste universo food and pop que adoro:

A banda One Ring Zero e seu The Recipe Project.

orzcouch_md

Entrem no link acima porque vale muito a pena, é genial.

Tá tudo explicado lá. E achei graças à Cíntia Bertolino, que achou isto antes e publicou aqui no seu blog no Paladar.

E as músicas são ótimas!! Difícil deve ser ouvir na cozinha enquanto estiver preparando outra receita!

Have fun!

(O mais “”próximo”” que já vi foram as gêmeas de Minas Gerais cantando em clips para a TV, que você vê aqui no meu post Delícias Cantadas.)

Mês corrido

Nota pessoal:

Neste mês não consegui muito tempo para me dedicar ao blog digeat…

Depois de 50 dias trancafiado, dia 08, terça passada, enviei finalmente minha tese para a Universidade de Florença, “La transformazione delle identità nell’era dell’informazione”. ufa… Defesa no dia 24, lá na terra de Dante.

2

No mesmo dia fizemos um importante jantar da Academia Brasileira de Gastronomia, o qual vou relatar mais prá frente, contando mais sobre a ABG.

1

E nesta semana estamos organizando a Arena Gastronômica Equipotel, que vocês podem ver aqui no meu rápido vídeo amadoríssimo, e que também vou relatar melhor assim que o evento terminar.

Na semana que vem estarei em Sevilha, na Espanha, para o evento Andalucía Sabor e para uma reunião da Academia Internacional de Gastronomia. Haverá ainda um jantar comandado pelo time dos melhores chefs espanhóis (Adrià incluso), nada mais nada menos que dentro da Arena de Toros de Sevilha. Vou tentar filmar e fotografar prá mostrar como vai ser.

Será que vão servir as orelhas dos touros?

Quero descansar um pouco…!

abs…..

A culinária como arma de guerra!

Sim, isto mesmo, e o diretor eslovaco Peter Kerekes foi atrás exatamente das histórias das cozinhas estratégicas de diversas guerras, desde a segunda mundial, passando pela Tchetchenia e a guerra dos Balcãs, baseando sua história em 11 receitas que alimentaram milhares de soldados, além de, principalmente, elevar a sua moral através de pratos do orgulho nacional.

Daí saiu o filme Cooking History, que foi lançado no Festival de Cinema de Sarajevo, neste mês.  O tom irreverente do filme mostra as diferenças entre russos, alemães, franceses, croatas, sérvios e demais europeus que se envolveram nas guerras retratadas, suas diferentes visões sobre o papel das suas comidas na guerra, e diversos deliciosos recheios com as histórias dos cozinheiros do front.

Esta foi uma dica de minha antenada amiga autora do blog Popkitchen.

Além dos moedores de carne e das rosadas faces dos eslavos festivos até na guerra, dá uma olhada na história da cozinha que explodiu em goulash no trailer abaixo… é hilária:)…

…e é a cozinha como você nunca viu!

Entre na Campanha! (e espalhe para seus contatos…)

image001

PETA assusta criancinhas

O que é pior? Deixar seu filho comer um McLanche Feliz ou dar a ele um kit chamado McCruelty’s com pintinhos e vaquinhas sangrando e um Ronald McDonald ameaçando com um machado sujos de sangue?

unhappymeal

Este kit macabro, o Unhappy Meal, aqui na foto, foi distribuído para as crianças em Albany-NY pela PETA – People for the Etyhical Treatment of Animals (tá no Media Bistro). O PETA é aquela mesma ong que costuma atacar com spray quem usa casaco de pele e invadir as passarelas da alta moda com cartazes em mão.

A iniciativa era para salvar galinhas e vaquinhas americanas. Pode? Paris Hilton deve ter adorado…

Que mal gosto não? Porque assustar as criancinhas com estes animaizinhos sangrentos? Que deixem elas e seus pais comerem onde quiser… principalmente porque, afinal, não dizem que as galinhas do MacDonalds são criadas sem osso?:)


O novo jeito de pedir pizza…

O marketing aplicado às novas tecnologias de comunicação está evoluindo. Vejam só aqui a nova forma de pedir pizza pelo aplicativo da Pizza Hut para o iPhone, que está bombando nesta semana na web. Em 2 semanas de lançamento já foram 100 mil downloads, que vc pode fazer aqui prá ver como é (mas que só envia pedidos nos EUA).

Genial, não?

A arte argumenta a favor do fumar

Descobri o blog Miopia depois que recebi a visita de seu autor Guilherme aqui no digeat, agora há pouco, e gostei.

Eu já parei de fumar, porque sim, faz mal mesmo, e agora fico só nuns charutos e bem de vez em quando, mas lá no Miopia encontrei poesia e inteligência na defesa do ato de fumar. Tem argumentos bons para todos os lados, queiram ou não.

Vi pessoalmente como a proibição de fumar nos locais públicos fechados na Europa funciona bem, e que os bares e restaurantes não mais cheiram a porões úmidos e defumados, porém ficaram também muito mais chatos, e no verão estão vazios – todos a fumar do lado de fora.

Agora este video aqui abaixo, que achei neste blog, me fez pensar na gigantesca importância do cigarro no mundo das artes. Engrosso o coro dos artistas e grito: liberem o cigarro nos ambientes de arte, tal como legitimamente reclamam agora os artistas de teatro sobre a nova lei. E eu apoio os artistas incondicionalmente: na arte não há limítes da moral, se a morte é filosofia, o cigarro também é.

E se proibissem também o medo, a dor ou as angústias, quão belos e vitais são estes terríveis males?

E falando em tv…

Aqui o programa No Reservations do Anthony Bourdain sobre São Paulo… (prá quem ainda não tinha visto). São 5 partes do mesmo episódio:

1/5:

E aqui os links para as outras 4 partes:  p2p3p4p5

—————————————————————————————————————————-

E só para finalizar o post anterior sobre O Guia na NatGeo, assisti agora o episódio 4 do Josimar em La Mancha, e depois o reprise do episódio 3, que ele segue as pistas do James Bond em Londres. Realmente pegou o ritmo, parece que vai melhorando a cada um, vale a pena assistir… (mas ainda não tá na web..)

O Guia – ep2

Pic-nic na Normandia após a caça ao faisão

Pic-nic na Normandia após a caça ao faisão

Neste domingo cheguei atrasado para o episódio de Londres, liguei bem no finalzinho, quando estavam terminando uma entrevista do Josimar com a belíssima Nigella Lawson. Fiquei feliz em saber que ela continua lá, super charmosa, “me esperando”… é, eu teria me derretido com ela ao meu lado, certamente…  Mas enfim, de cara já vi algo novo no programa, e que gostei: uma história a ser contada! A busca pelos hábitos gastronômicos e etílicos de Ian Flemming e James Bond pelos locais de Londres dá sem dúvida uma bela história, e mais do que isso, une os passos do programa do começo ao fim. Só assisti o final deste episódio, mas gostei e quero assistí-lo inteiro.

Mas prá minha sorte logo após o término de um epísódio eles estão reprisando o episódio anterior, e pude então ver o o Josimar sair em busca de faisão, em Paris e na Normandia (que eu não tinha visto na semana passada). O epísódio é engraçado, nada dá certo, não se acham facilmente carnes de caças nos açougues de Paris porque estão proibidas para exibição em vitrine (segundo o que entendi). Eles ‘decidem’ então ir caçar e ao sair para o campo… não acham os faisões para abate, mas a produção se sai bem e saca um faisão reserva. No final montam um pic-nic tradicional no pós-caça onde, como todo bom francês, o primeiro a se alimentar é o cachorro, e manjam embutidos com vinho. Aí viajaram de volta rumo a Paris para entregar o faisão ao chef Yves Camdeborde, do bistrô Le Comptoir Relais St. Germain, provavelmente o bistrô mais famoso da cidade por oferecer boa gastronomia a preços acessíveis. Et voilá, uma receita tradicional francesa, uma espécie de tarte au choux, com foies gras e o faisão.

Este episódio marcou uma diferença em relação ao primeiro, pois em uma única história linear – a busca ao faisão, que é comentada e explicada o tempo todo, “O Guia” passou por uma rapida checada nos açougues de Paris, pela ida à Normandia para mostrar como caçam os franceses – inclusive mostrando claramente que a maior parte da carne de caça é na verdade criada (ainda que isto possa desiludir a românticos sonhadores), e então pela cozinha do famoso bistrô em Paris e a explicação sobre o prato tradicional. Antes disso, de quebra, chegando em Rouen ele ainda pode mostrar o La Couronne, dizem o mais velho hotel da França, de 1345, onde se come um tradicional pato seguindo a preservação de uma receita tradicional pela Associação dos Pateiros… é, lá tem isso.

Menos correria, mais informação, e mais divertido. Gostei mais do programa agora, que conseguiu também ensinar algumas coisas legais. Parabéns.

O Guia – no canal National Geographic – domingos às 20h.

Leia a posição da associação dos bares e restaurantes sobre a lei antifumo:

Hoje foi postado um comentário interessante no meu post do último dia 15 com o título “64% a favor da lei antifumo e 36% contra”, a respeito da pesquisa feita no blog sobre esta nova lei estadual.

O comentário postado é a posição oficial da Abresi, a associação do setor patronal de bares e restaurantes que abrange todo o país, e que está na justiça contra a nova lei estadual de São Paulo, representando a causa dos estabelecimentos para que haja espaços realmente isolados para fumantes e não-fumantes nos restaurantes e bares, ao invés da proibição total do fumo.

Por solicitação, reproduzo aqui abaixo na íntegra o comentário postado, e abro espaço para quem mais quiser postar a respeito, contra ou a favor!

Diz o texto:

A Abresi – Associação Brasileira de Gastronomia, Hospedagem e Turismo gostaria de cumprimentá-lo por estabelecer democraticamante o debate sobre a lei antifumo em seu blog.

Quanto à pesquisa, é bastante significativo o resultado de 36% de fumantes e não fumantes que são contrários à lei.

Desde o ínicio do processo legislativo da lei antifumo, a ABRESI – , e demais entidades patronais do setor se manifestaram favoravelmente à lei. Pois é!!!

Contudo, defendiamos apenas uma emenda ao projeto que contemplasse o verdadeiro “fumódromo” e não apenas áreas para fumantes e não fumantes. Porém, o governo do estado foi incensível aos nossos apelos e manifestações públicas com mais de 500 proprietários e trabalhadores do setor na Assembléia Legislativa do estado.

Defendiamos (e ainda defendemos, mas agora na justiça), áreas exclusivas para fumantes, separando os dois públicos em ambientes delimitados por barreiras físicas que impeçam a transposição da fumaça, dotando os espaços para fumantes de sistemas de exaustão.

Como você deve estar acompanhando, diversos estados estão adotando a idéia paulista, entretanto, a maioria tem aceitado nossa proposta, mais flexível.

Uma pesquisa do Instituto Getúlio Vargas demontrou que fumantes permancem mais tempo no interior de bares e restaurantes e, assim, seu gasto “per capita” é maior que o de não de não fumantes. Essa conclusão é elucidaditva no sentido de que haverá queda no faturamento e, consequentemente, reajuste de preços ao consumidor final e demissões.

É claro que existe o interesse comercial, pois sobrevivemos à partir dos nossos negócios. Investimos capital e geramos empregos em que as famílias dos nossos colaboradores dependem de nós. Todavia, há outra questão fundamental em jogo, de fundo político-ideológico (não de política partidária).

Nossas entidades acreditam que pessoas adultas devam ter liberdade de fazer suas próprias escolhas, sem que precisem ser tuteladas pelo Estado.

Entendemos que não precisamos de um Estado-babá nos dizendo o que fazer, o que comer, o que beber e assim por diante. Bastaria informar dos malefícios de determinada conduta em campanhas educativas e permanentes.

Pensamos que o arbítrio começa assim, com boas intenções colocadas de forma radical (sabe-se lá com que intenções) e quando percebemos, a sociedade é tolhida de seus mais comezinhos direitos individuais.

Apoiamos e defendemos sim, restrições a direitos que possam afetar terceiros, mas jamais seu banimento quando existem alternativas sensatas e democráticas para acomodar os interesses de todas as partes envolvidas.

Também não podemos concordar em sermos tranformados em fiscais de nossos clientes. Demoramos anos para cativar e formar uma clientela e depois temos de chamar a polícia para retirá-los de nossos estabelecimentos. O que é isso???

A lei ainda pretende jogar cidadão contra cidadão, ao formar uma tropa de dedos duros filmando e fotografando os “criminosos fumantes” em ação!!! Imagine o problema (e até tragédias) que isso poderá causar…..

Enio, aproveitando a oportunidade, solicito postar a mensagem do setor patronal e divulgar nossa opinião em seu blog. Abraços a todos.

O texto é assinado por Edson Pinto, diretor da Abresi. Obrigado Edson pela sua manifestação neste blog!

Rápida e importante

O Brasil é a bola da vez para a GM também. Investirá R$ 2 bi em suas plantas no país, e criará 1 mil empregos diretos. Isto quer dizer que para se criar 1 emprego direto na indústria automobilística deve-se investir R$ 2 milhões. Com 2 milhões de reais também é possível criar 1 centena de empregos diretos na indústria das sustentabilidades – energética, ambiental e social. Só prá lembrar. E divulgar.

Sem contar as ruas entupidas de carros.

64% a favor da lei antifumo e 36% contra

Do total, 47% não fuma e quer a lei (são os que querem preservar seu direito de não ser fumante passivo),17% fuma e quer a lei (devem ser os que querem parar de fumar), do outro lado 24% não fuma e não quer a lei (ou seja são os ‘cada um na sua’ – que dão o direito ao fumante de fazer como quiser),  e 12% fuma e quer continuar fumando nos estabelecimentos públicos de SP – os que permitam.

Este é o resultado de 2 meses e meio de pesquisa aqui no blog. 34 pessoas votaram. Só? É, mas representam um segmento ativo que costuma tomar posição e defender, promover, etc. Pelo menos na teoria. E claro esta pesquisa era uma pesquisa simples, sem cortes a não ser ‘leitores do blog’.

Mas chega de pesquisas, por enquanto.

abs..

…e falando em Paris…

… saiu a lista de “jantares no céu” da capital francesa. Vocês já devem ter visto do que se trata, aquele grupo que organiza jantares pendurados em uma grua enorme que já passou por várias cidades da Europa e do mundo:

jantar no ceu

Pois é, a próxima parada é em Paris e a lista de jantares previstos traz chefs de primeira linha, entre eles Marc Veyrat, Pierre Gagnaire, Alain Passard e Fréderic Anton (veja a lista completa dos jantares aqui). Cada jantar custa cerca de 900 euros por pessoa, e dura em média 1 hora. Tudo bem que é uma experiência única na vida, mas será que dá prá sentir algum sabor quando se está pendurado por uma grua e com os pés balançando a dezenas de metros do chão? Bom, pelo menos parece ser divertido e com certeza inesquecível.

jantar no ceu 2

A série de Paris começa em setembro, e aqui neste link você tem todas as informações.

Estreou o novo programa de tv “O Guia”, do Josimar Melo

josimar2

Imagem tirada do site do programa

Estreou agora há pouco no canal National Geographic o programa “O Guia”, que vai ao ar todo domingo às 20h, onde o jornalista Josimar Melo viaja por diferentes lugares para mostrar curiosidades e aspectos interessantes da gastronomia.

Neste primeiro episódio Josimar vai à Paris. Começa visitando o quartel general do Guia Michelin e entrevista rapidamente seu diretor geral Jean-Luc Naret.  Sai e segue andando pela cidade provando comida de rua, tenta um kebab, depois um crepe e depois um pão com chocolate. Sempre tudo muito rápido. Para fechar o primeiro bloco, e o dia, uma cena para mostrar o crítico tomando um triplo de Calvados em um bar da cidade.

No segundo bloco ele vai visitar a boulangerie de Arnaud Delmontel, que foi eleita a melhor boulangerie de Paris em 2007, servindo assim durante este ano o presidente Sarkozy no Palais de l’Elysée. Novamente tudo muito rápido, e a edição do programa usou o pouco tempo que tinha na boulangerie para mostrar como o Delmontel é um entusiasta das mulheres brasileiras.

De lá ele foi visitar o 3 estrelas L’Arpége, do chef Alain Passard. Aqui havia a possibilidade de conteúdo inédito na TV brasileira pois Passard conseguiu suas estrelas servindo somente vegetais. Josimar cita isto mas não dá tempo de se aprofundar mais do que mostrar que os vegetais vêm de uma horta particular. Novamente tudo é muito rápido e ele salta então para o mais estrelado chef do mundo, o Alain Ducasse no Plaza Athénée. Mostra bem como o chef é cercado de assessores e, quando o chef aparece, eles fazem uma entrevista também rápida sobre crítica gastronômica, com só uma pergunta. Entram então na cozinha e Ducasse se despede. O chef Christophe Moret, que é quem executa nas panelas, lhe serve um fantástico menu degustação dentro do aquário do chef, um local privilegiado onde se pode controlar a cozinha e o restaurante por monitores. Josimar fala um pouco dos pratos, o que foi interessante, e repete algumas vezes que o tartufo branco é de Alba. Depois, em um único frame de menos de 1 segundo, mostra o salão do restaurante. Eles não queriam mostrar o salão mas tinham que fazê-lo pois era o acordo com a casa. Mas o salão do restaurante do Alain Ducasse também é interessante, não é?

Ok, esta foi uma descrição muito em síntese do conteúdo do primeiro episódio do programa, pois é claro houveram outros detalhes.

Mas para mim pareceu que no primeiro programa brasileiro de gastronomia que se produz com padrão internacional, para exportação mesmo, a ‘empreitada’ do programa desperdiçou uma boa oportunidade. Explico: Josimar tem um enorme conhecimento de enogastronomia, mostrou uma tranqüila desenvoltura diante das câmeras, está à vontade e descontraído e sabe sem titubear sobre o que está falando, pois este é seu mundo e ele tem um grande domínio do assunto (oras, independente de gostos e estilos, ele não conquistou seu reconhecimento na crítica gastronômica no Brasil à toa, e nem no exterior). Além disso a edição do programa é dinâmica, moderna e tem a qualidade de ressaltar algumas imagens interessantes, bons enquadramentos, etc. Mas meia hora para todo o conteúdo que eles quiseram mostrar é muito pouco, deu a impressão que ficou tudo muito rápido e superficial.

Um programa de meia hora na TV não pode seguir a fragmentação de conteúdo que a web impôs ao mundo hoje, deve deixar isto com a grade de programação do canal. Ou seja, tudo bem e é tendência que a TV passe a ter vários programetes curtos, como sabiamente começou a fazer a MTV, mas ao se tratar de um único programa, e de meia hora, o conteúdo dele deve ser preciso, certeiro, em cheio, completo, inteiro. Tem, por força, que ser uma narrativa de começo, meio e fim, e não necessariamente nesta ordem.

É interessante mostrar comida de rua de Paris, como é interessante mostrar a boulangerie premiada, como o guia Michelin, como o L’Arpège, como o Ducasse, e também como o Calvados em um bar qualquer, mas é muita coisa interessante junta em tão pouco tempo, sem que se aproveite bem nenhuma delas. Entendo que esta pode ser a proposta do programa, mostrar um monte de coisa e tentar fazer disto um show de entretenimento e nada mais, mas talvez neste caso o programa deveria estar em outro canal, para outro público, pois acho que esta linha não casa muito bem com o próprio National Geographic. Tenho a impressão que o público do canal pago aproveitaria mais o conhecimento do Josimar se o programa focasse em um ponto e pudesse ir fundo nele, mantendo como máximo uma outra história paralela ou uma recorrência de detalhes ou de personalidades, à escolha. É que a gastronomia por si só já é algo suficientemente interessante para que possa ser um entretenimento completo, além do que os contatos do Josimar, seu grande entendimento do assunto, e a possibilidade de dispor de uma estrutura de produção de alto padrão, permitem desvelar curiosidades realmente interessantes sobre o objeto principal do programa, ao invés de passar batido por cima de tudo, sem aproveitar a chance com os importantes entrevistados ou cozinhas visitadas.

Sua inspiração de programa talvez fosse o “No Reservations” do Anthony Bourdain, que vai fundo em um só tema a cada episódio. E além da descontração do Bourdain (que o Josimar também tem) este é o motivo de seu sucesso: você assiste e sempre aprende alguma coisa. Outra inspiração poderia ser o brilhante Michael Palin e suas várias séries sobre viagens outstandings, exibidos por décadas pela BBC. E aqui também a cada episódio, adivinhem… você também sempre aprende algo sobre um tema central, mesmo com todas suas variantes.

De todos modos fica aqui a minha impressão e observação, que deixo para quem dirige o programa: aproveitem bem este cara que está guiando vocês pelas ruas gastronômicas por aí porque sei que ele conhece muito bem o que fala, e seria uma pena não perceber isto e perder esta oportunidade de levar um programa brasileiro de alta qualidade para todos. Entretenimento puro e simples tem de monte nos canais abertos por aí, e o que interessa neste caso é aprender um pouco sobre a diversidade na gastronomia.

Espero que eu esteja errado, e prometo revisar isto no próximo domingo, às 20h, pois esta foi somente a estréia e em geral as produções vão se afinando com o tempo. Assistam e comentem, vale muito a pena, e é uma excelente oportunidade para tentar uma opinião.

Almoço da ABG

Alguns membros da Academia Brasileira de Gastronomia nos reunimos no último dia 17/06 para um almoço informal no restaurante Capim Santo em São Paulo, da chef Morena Leite (que acaba de ter uma filha -Parabéns Morena!), para conversar sobre o futuro da ABG.

P1050055

A ABG é uma entidade cultural e apolítica, formada por apreciadores e entendedores da culinária brasileira, não profissionais de cozinha nem empresários de restaurantes, que tem o único objetivo de preservar e promover a cultura gastronômica brasileira e suas características exclusivas e regionais. Somos membros da Academia Internacional de Gastronomia e assim como as demais Academias de diversos países temos diversos projetos de interesse para a gastronomia brasileira, que serão realizados a partir de 2010. Neste momento estamos em busca de apoios institucionais para a viabilização de uma série de atividades, que em seu tempo serão relatadas aqui e na mídia em geral.

E no fim de setembro teremos mais uma reunião internacional, desta vez na cidade de Sevilha durante o evento Andalucia Sabor, para assinar a criação da Academia Iberoamericana de Gastronomia junto às entidades irmãs dos países desta região, entidade que terá a finalidade de aproximar as ações realizadas em nosso continente com as Academias européias, pois estas, por serem mais antigas, têm uma maior presença em seus países.

Tendo mais interesse sobre a ABG nosso email é abgastronomia@gmail.com. Em breve postarei mais notícias sobre a ABG por aqui.

Almanara desde 1950 no mesmo lugar

No final dos anos 80 eu estudava arquitetura no Mackenzie e de vez em quando percorria o centro em busca de lugares desconhecidos para frequentar com amigos. Numa destas buscas encontramos o Almanara da rua Basílio da Gama e achamos que aquela tinha sido a descoberta do século. Claro, o restaurante só era desconhecido para mim e para meu grupo de amigos, pois naquela época o lugar já estava completando quase 40 anos de existência, mas mesmo assim achamos aquela “descoberta” genial. Sua arquitetura moderna, meio Artacho Jurado e meio Niemeyer, além da mesa farta de delicias árabes coloridas, faziam aquele um lugar perfeito. Pois é, e ele ainda está lá, (quase) intacto…

Hoje, 59 anos depois de sua inauguração, o Almanara do centro, o primeiro da rede árabe de mesmo nome, continua com a mesma cara, o mesmo jeitão e a mesma culinária.

montagem 1

Só tem uma diferença, é que parece que os donos estão um pouco cansados. Eu explico.

É o único Almanara da rede que serve por preço fixo. Você tem a opção de rodizio ou a la carte. E até pouco tempo atrás (acho que faz uns 3 anos que eu não dava um pulo lá), você pedia por preço fixo, sentava e eles simplesmente enchiam a sua mesa com diversos pratos diferentes (aqui você vê o cardápio), sua mesa ficava colorida de delícias como homus e babaganuche, kibes crus, charutos de folha de uva ou de repolho, esfihas fantásticas, etc. E além de comer bem e ficar satisfeito com a quantidade e a qualidade, você saia de lá achando que tinha sido tratado como um rei, que o preço pago era justíssimo, e ainda por cima conseguia impressionar algum novo convidado que ainda não tivesse passado por lá.

Estive lá neste sábado e para minha triste surpresa o que eles chamam de rodízio passou a ser realmente um rodízio, esquema churrascaria. Você senta e de vez em quando,  muito de vez em quando, vem um garçon e te oferece uma esfiha, ou uns charutinhos, ou um kibezinho. E aí você come e fica esperando a próxima rodada sem idéia de quanto tempo vai levar para o santo garçon passar de novo. E o pior, sua mesa fica vazia o tempo todo, seu prato fica vazio e você fica lá, com cara de ansiedade, esperando chegar mais daquelas delicias que, isto sim, cotinuam muito boas.

É simples, os donos devem ter pensado – “oras, estamos desperdiçando muita comida, vamos servir só um pouco para cada um, o quanto eles quiserem, o que sobrar fica nas travessas e usamos no dia seguinte (pois)”. Não bastaria ter uma média do que se come por pessoa e servir uma mesa farta, mas na medida, para todos os clientes que pedirem por preço fixo? Mantendo assim a tradição da casa, o excelente marketing de deixar o cliente satisfeitíssimo com tudo, a maravilhosa imagem da mesa colorida, e o impagável prazer de se sentir um sultão comendo de tudo durante o tempo em que você está no restaurante? É a experiência completa que conta, mais do que somente o paladar, ainda não é óbvio isto prá todo mundo? Puxa vida, eu pensava que sim, que fosse óbvio para todos que são empresários de emprendimentos de porte como é o Almanara. Mas pelo visto muito treinamento empresarial ainda falta por aí, não?

De qualquer forma, eles têm um enorme mérito de ter mantido a casa intacta durante todas estas décadas, com um ambiente bem agradável, limpo, garçons atenciosos, e importante, boa qualidade culinária. O preço do rodízio é R$ 44 por pessoa, sem bebidas e sem sobremesa, não é mais barato como seria se a comida estivesse toda na mesa, e não é também a melhor comida árabe de São Paulo, mas tudo bem, certamente é boa o suficiente prá valer uma visita até o centro, e ainda vale.

E se você for lá, por favor, reforce a campanha que eles precisam voltar urgentemente a servir todos os pratos na mesa do cliente, ou eles rapidamente se tornarão um restaurante comum, outro qualquer, sem diferencial que não a arquitetura.

É isso aí!

O primeiro Almanara fica na rua Basílio da Gama, 70, República, centro de São Paulo, aqui na web e aqui no mapa.